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Assassinatos de transexuais em Santa Maria não têm relação, diz polícia

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Foto: Renan Mattos (Diário)

Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira, a Polícia Civil dá detalhes do resultado da investigação de dois assassinatos registrados no último dia 7 em Santa Maria. Nos dois casos, um na área central e outro na região oeste da cidade, as vítimas foram mulheres trans. Apesar disso, a Polícia Civil aponta que as motivações não estão ligadas à homofobia. 

Embora sejam Mana e Carolline, a morte de ambas entrará para estatísticas de homicídios masculinos. A alegação da polícia é que nenhuma tinha carteira com nome social ou redesignação sexual.

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Confira, abaixo, a entrevista dos delegados Gabriel Zanella, da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) e Sandro Meinerz, delegado regional. As vítimas dos crimes são Carolline Dias, morta com um tiro nas costas na esquina das avenidas Presidente Vargas e Borges de Medeiros, e Nemer da Silva Rodrigues, conhecida como Mana:

- O dia 7 de setembro foi, sem dúvidas, o dia mais violento em Santa Maria no ano. Além da morte das duas transexuais, houve ainda a morte da menina de cinco anos que foi estuprada, em um crime bárbaro que também já foi esclarecido. Nesse caso das trans, está bem claro para nós que não há relação de motivação ou de suspeitos entre eles. A única relação que há é que aconteceram no mesmo dia. Isso acalma o ânimo das pessoas, porque não vai haver outros crimes semelhantes, já que chegou-se a achar que poderia ter alguém cometendo os crimes em razão discriminatória, homofóbica - relata Meinerz.

CAROLLINE DIAS
De acordo com Zanella, o assassinato de Carolline, na esquina das avenidas Borges de Medeiros e Presidente Vargas, o suspeito, de 19 anos - preso em flagrante uma semana depois do crime - tinha recebido o benefício da liberdade provisória um dia antes do assassinato, no dia 6. Em abril, ele tinha sido preso por roubo majorado e receptação. Quando era menor de idade, aos 17 anos, ele foi apontado como suspeito de uma tentativa de homicídio. No dia da prisão, o suspeito foi autuado em flagrante porque, com ele, os policiais encontraram arma, droga e dinheiro.

- É um indivíduo extremamente perigoso, que estava na posse de um revólver debaixo do travesseiro. Ele resistiu à prisão e mostrou-se bastante violento - destaca o delegado Gabriel Zanella. 

O jovem foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima. Como o assassinato aconteceu após ele tentar estuprar Carolline, também responderá com tentativa de estupro. Além disso, em um outro procedimento investigativo, poderá responder pela posse ilegal de arma e drogas.

- Na noite do homicídio, imagens de câmeras de segurança mostram que ele havia abordado a vítima para fazer um programa sexual, em um conversa amistosa. O programa acabou não acontecendo, mas, 20 minutos depois, ele retorna, chama a vítima novamente, inicia alguns atos preliminares. Contudo, a vítima resiste, foge do agressor, que estava armado. Após, ela é atingida por um disparo de arma de fogo - explica Zanella. 

MANA
No segundo caso, em que há envolvimento de dois jovens de 18 anos na morte de Mana, um deles, logo após o assassinato, foi para casa, tomou banho e depois, prestou condolências para a família da vítima. Segundo o delegado Sandro Meinerz, ele negou a autoria do crime, versão que divergiu do segundo envolvido no fato. Os dois foram indiciados por homicídio qualificado com três qualificadoras: motivo fútil, meio cruel (morte por 13 facadas) e recurso que dificultou a defesa da vítima. 

Ainda conforme delegado, os dois suspeitos estavam embriagados no momento do crime e armaram uma emboscada para a vítima. De acordo com o delegado, os dois são conhecidos na região pelo consumo de álcool e drogas e não têm emprego ou atividade fixa. Eles foram presos no dia 13 setembro, um deles foi próximo da Gare e o outro no Bairro Pinheiro Machado. 

Mana foi morta nas imediações do ginásio do Oreco, no Bairro Tancredo Neves. De acordo com o delegado Gabriel Zanella, os dois suspeitos discutiram com Mana, em razão de ela ter solicitado que um deles devolvesse um capacete que ela teria emprestado. Depois da discussão, mudaram de comportamento de forma repentina e convidaram a vítima para caminhar nas imediações do Ginásio Oreco e, na sequência, cometeram o assassinato com golpes de faca. A Polícia Civil acredita que as armas estavam escondidas sob a roupa dos suspeitos. 

- Após a restituição do capacete, eles falaram para a vítima: "nós vamos dar uma volta que tu não vai mais esquecer" e armam essa emboscada para cometer o homicídio. Um dos suspeitos nega o envolvimento do crime, e outro diz que participou, mas que não foi ele quem matou a vítima - relata Zanella. 

A apuração dos crimes, bem como a autoria identificada incorrem em 100% dos homicídios da cidade em 2019 elucidados. Isso coloca Santa Maria acima da média Nacional, 48%, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Núcleo de Estudos da Violência da USP e do Portal G1.

São 30 homicídios consumados em 2019, um a mais do que no mesmo período de 2018. Índice parcial de elucidação em 2019 é de 100 %. Já 2017, 64 homicídios, com  84% de elucidação, e  2018, 53 homicídios, com 81% de elucidação.

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